Outra Forma

quarta-feira, abril 12, 2006

capítulo 003 ... no Decitropolitano

Desci umas escadas, que subiam até penetrar na escuridão. O comportamento tardígrado durou poucos decímetros e com a ajuda de um soco no olho esquerdo iniciei o estudo da claridade, através de uma fogueira, fábrica de calor iluminado.
Aproximei-me. Rodeavam-na, dois indigentes que transbordavam o seu odor, por tudo, onde não era sítio.Trajavam um tanto indescritivelmente em relação ao tempo, no entanto, notava-se que demarcavam eras diferentes da civilização que pensámos que fora a nossa, pois um deles vestia uma barba e cabelos longínquos cobertos por um tecido branco sujo, podre, salpicado pelas facadas consequentes da relativamente recente matança do porcélio, calçava umas sandálias de sebo perfuradas pelas unhas, que se manifestavam por um meio de um peditório, perante a necessidade urgente de serem aparadas.
Quanto ao seu companheiro, não tendo hábitos mais higiénicos e não vestindo barbas menos compridas, já usava um turbante de cores folclóricas que até me fizeram lembrar o rancho lá da terra (claro que para lhe chegar aos calcantes, teria de ser instruído a pratica do alpinismo), a sua face repleta de rugas, sinal de experiência conseguida a ferros de esteta, era de aparência idosa e grave, possivelmente de reformado, com a presença de um sorriso burocrático ao assinar o tratado de guerra.