capítulo 011 ... checking email
Uma motorizada aproxima-se com um enorme saco de couro castanho, familiar da minha memória, pilotada por um capacete azul claro de fibra que ao parar, se abriu em dois facilitando assim, a saída do carteiro gordo de faces rosadas, oferta típica do branquinho com mistura, ficando por pouco tempo azuladas perante o odor ocre, que se me fazia transportar. Fez-me sinal para esperar e saltou para o interior da sua sacola com um ar aventureiro, na busca da carta perdida, com a carta e bússola mas, sem azimute determinado. A temperatura era amena, ideal para apanhar seca numa fila que não demorou muito a formar-se por adeptos oriundos de todos os azimutes, incluindo talvez, o do carteiro, sequiosos por uma seca, para se poderem lamentar da sua vida. Comecei a encher-me de conversas comerciais, de ouvir a primeira vez e ficar farto e como o distribuidor de cartas deve andar a deriva na selva de papel, peguei numa carta, perdida no topo das outras e caminhando, abri-a, transbordando curiosidade pelos olhos fora. Era um auto de queixa, elaborado pelo meu pé, onde vinham descrito os actos incómodos de um passageiro clandestino, no interior do meu chinelo. (...) Mas!? Ao tempo que não uso chinelos! Bom, nunca e tarde para resolver os problemas alheios e como tal, extrai um sapato a sorte e verifico com alegria que o intruso era simplesmente uma fonte de água mineral. Instintivamente mergulho, com o desejo ambicionado de me poder sentir como novo. Assim, sim! Este, e o melhor banho da minha morte:
Parecia o Rei, Sua Majestade
Sem espada nem escudo,
Sem o dito sangue real
Mas digno de tal
Ate cheguei a ouvir os aplausos do pessoal lá da vala, inspirando-me um momento afortunado, o que me incentivou a afastar daquele ponto com acre, por tudo onde era odor. Um carreiro imprevisto tropeçou em mim, não me deixando pensar cinco vezes para rumar por ele fora. A algum sítio ele vai dar.
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